Em 18.10.1941, nascia em Tupanciretã a primeira Casa Espírita fundada por Ana Maria Pires de Almeida. Mesmo enfrentando o preconceito religioso da época, ela nunca desistiu e trabalhou até seus últimos dias confortando as almas aflitas que buscavam acolhimento na doutrina Espírita. Graças a sua coragem o seu trabalho deu frutos e hoje a Casa é abrigo para todos que procuram a paz e a força para enfrentar as tribulações do dia a dia. Com uma equipe de trabalhadores de boa vontade que dedicam amor a causa, a Sociedade Espírita Bezerra de Menezes continua sua missão de encaminhar aqueles que procuram a luz, e o alivio para aqueles que sofrem as provações terrenas. A casa está localizada na Rua Carlos Mariense de Abreu
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em 29 de agosto de 1831 na fazenda Santa Bárbara, no lugar chamado Riacho das Pedras, município cearense de Riacho do Sangue, hoje Jaguaretama, estado do Ceará.
Desde pequeno, Bezerra queria tornar-se médico, mas o pai, que enfrentava dificuldades financeiras, não podia custear os estudos. Em 1851, aos 19 anos, tomou ele a iniciativa de ir para o Rio de Janeiro, a então capital do Império, a fim de cursar medicina, levando consigo a importância de 400 mil réis, que os parentes lhe deram para ajudar na viagem. No Rio de Janeiro, ingressou, em 1852, como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia.
Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em março de 1857, solicitou sua admissão no Corpo de Saúde do Exército, sentando praça em 20 de fevereiro de 1858, como cirurgião tenente. Em 6 de novembro de 1858, casou-se com a Sra. Maria Cândida de Lacerda, que desencarnou no início de 1863, deixando-lhe um casal de filhos. Em 1859 passou a atuar como redator dos "Anais Brasilienses de Medicina", da Academia Imperial de Medicina, atividade que exerceu até 1861. Em 21 de janeiro de 1865, casou-se, em segundas núpcias com Dona Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã materna de sua primeira esposa, com quem teve sete filhos.
Já em franca atividade médica, Bezerra de Menezes demonstrava o grande coração que iria semear, até o fim do século, sobretudo entre os menos favorecidos da fortuna, o carinho, a dedicação e o alto valor profissional.
Elegeu-se vereador para Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 1860, pelo Partido Liberal.
Na Câmara Municipal, desenvolveu grande trabalho em favor do “Município Neutro” e na
defesa dos humildes e necessitados. Em 1867, foi eleito deputado-geral (correspondente hoje a deputado federal) pelo Rio de Janeiro.
Em 1885, atingiu o fim de suas atividades políticas. Outra missão o aguardava, esta mais no-bre
ainda, aquela de que o incumbira Ismael, não para o coroar de glórias, que perecem, mas para trazer sua mensagem à imortalidade.
O Espiritismo, qual novo maná celeste, já vinha atraindo multidões de crentes, a todos sacian-do na sua missão de consolador. Logo que apareceu a primeira tradução brasileira de “O Livro dos Espíritos”, em 1875, foi oferecido a Bezerra de Menezes um exemplar da obra pelo tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos.
Foram palavras do próprio Bezerra de Menezes, ao proceder a leitura de monumental obra: “Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para meu espírito, entretanto tudo aquilo era novo para mim [...]. Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no Livro dos Espíritos [...]. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou mesmo, como se diz vulgarmente, de nascença”.
Mais que um adepto, Bezerra de Menezes foi um defensor e um divulgador da Doutrina Espírita. Em 1883, recrudescia, de súbito, um movimento contrário ao Espiritismo e, naquele mesmo ano, fora lançado por Augusto Elias da Silva o “Reformador”, órgão oficial da Federação Espírita Brasileira e o periódico mais antigo do Brasil, ainda em circulação. O venerável médico aconselhava-o a contrapor-se ao ódio, o amor, e a agir com discrição, paciência e harmonia.
Embora sua participação tivesse sido marcante até então, somente em 16 de agosto de 1886, aos 55 anos de idade, Bezerra de Menezes, perante grande público, em torno de 1.500 a 2.000 pessoas, no salão de Conferência da Guarda Velha, em longa alocução, justificou a sua opção definitiva de abraçar os princípios da consoladora doutrina.
Daí por diante Bezerra de Menezes foi o catalisador de todo o movimento espírita na Pátria do Cruzeiro, exatamente como preconizara Ismael. Com sua cultura privilegiada, aliada ao descortino de homem público e ao inexcedível amor ao próximo, conduziu o barco de nossa doutrina por sobre as águas atribuladas pelo iluminismo fátuo, pelo cientificismo presunçoso, que pretendia deslustrar o grande significado da Codificação Kardequiana.
Foi Presidente da FEB em 1889, e reconduzido ao cargo em 1895, quando mais se agigantava a maré da discórdia e das radicalizações no meio espírita, nele permanecendo até 1900, quando desencarnou.
Fonte: Texto incluído nas obras que integram a Coleção Bezerra de
Menezes, publicada pela FEB
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