Muitas vezes se ouve dizer que fulano saiu de Tupanciretã e foi jantar no Uruguai, foi almoçar em Porto Alegre, pois o Paulo Santa quase veio a Tupanciretã em julho de 2005 abastecer o seu caro, vejam o seu relato na coluna.
Paulo Sant'ana
23/07/2005
A saída é o tabelamento
Ontem à noite, deparei com o tanque de gasolina do meu carro completamente vazio.
Mas não tinha coragem de abastecer. Em qualquer posto de gasolina que parasse, iria pagar pelo meu tanque cheio R$ 12 a mais do que em Esteio (R$ 2,37) e R$ 19 a mais que em Tupanciretã (R$ 2,25). Com relação a Curitiba, meu tanque custa R$ 35 a mais em Porto Alegre (isto é uma barbaridade!).
A minha sensação era a de todos os motoristas de Porto Alegre: a de que seria vítima de uma exploração econômica incoercível.
Aqui na Capital, como em quase todos os municípios do Interior, encorajados pela mais completa omissão das autoridades, os proprietários de postos de gasolina, assim como as distribuidoras que abastecem os postos, as grandes vilãs desse processo usurpatório, delimitaram territórios em que o preço é um só, não existe diferença de um posto para outro - e não resta aos consumidores outra opção que não seja abastecer em um dos asseclas ou instrumentos do conluio cartelista.
A vontade que me dava era de viajar a Tupanciretã ontem à noite e abastecer meu carro com gasolina a R$ 2,25 por litro.
Mas exatamente porque teria de viajar 390 quilômetros na ida e outro tanto na volta, sendo-me economicamente desfavorável realizar a viagem, estava sendo obrigado a abastecer em Porto Alegre.
Se os motoristas de Porto Alegre são assim coagidos diariamente a abastecer em sua cidade, se assim se vêem obrigados a não agir de acordo com sua vontade, que era a de abastecer em qualquer outra cidade onde o preço da gasolina é mais barato, estão sendo, claramente, solarmente, vítimas de uma extorsão.
Isto é que é cartel. E nas leis de economia popular e de ordem econômica isto está definido como delito.
O cartel torna os consumidores alvos de incontornável coação. Em qualquer país onde haja asfalto nas vias ou água corrente nas torneiras isto é proibido e imputado.
Como é que se permite aqui em Porto Alegre e na grande maioria dos municípios do Interior que as distribuidoras (onde se origina a encrenca toda) e os postos de gasolina decidam em conluio qual o preço único que vão cobrar dentro de determinado território, embuçalando e embretando os consumidores com o fim de imolá-los pela força e violência dos seus interesses?
Como é? Como se explica este escândalo de proporções bilionárias que locupleta os seus mentores e descarna os consumidores?
É selvagem que haja preços únicos em qualquer mercadoria, produto ou serviço que não sejam tabelados.
Só se admite preço único em artigos tabelados. Pois, incrivelmente, diante da liberação dos preços dos combustíveis, os responsáveis por esta trama diabólica decidiram cobrar preço único pela gasolina de preço liberado.
Antes era só no Interior. Agora a peste e a maldição cartelistas atingem Porto Alegre.
Nunca se viram tantas multidões seguindo diariamente para o matadouro do preço cartelizado, subjugadas e indefesas por barganha nascida em conspiração ardilosa.
E ninguém faz nada.
Então os deputados federais e senadores gaúchos têm de se mobilizar depressa pela volta do tabelamento.
psantana.colunistas@zerohora.com.br
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