02/07/2015

MIGUEL PURETZ NETO, foi entrevistado pelo Jornal A Voz do Jarí e comenta a satisfação em conhecer a Super Rádio Tupy do Rio


Entrevista para Edição 908 do Jornal Semanal impresso  A voz do Jari de 03 e 04/07/2015



VJ - Miguel Puretz Neto é formado em Administração. Mas, seguindo os passos do seu pai, o inesquecível radialista, Miguel Puretz Filho, voltou-se ao rádio.  Há quantos anos você trabalha na área de comunicação, isto é, nas Rádios Tupã  AM e Clube Um FM?
MIGUEL - Eu sempre estive ligado ao rádio. Antes de minha família adquirir a rádio Tupã, eu acompanhava o meu pai que atuava na Rádio Colonial de Três de Maio. Quando adquirimos a Rádio Tupã, em 1975, eu continuei acompanhando o pai e cresci dentro da rádio. Antes de ir a Santa Maria para cursar Administração pela UFSM, em 1982, estive sempre junto da rádio.
Ao me formar em 1986, voltei a Tupanciretã e passei a atuar diariamente na emissora. Gradativamente fui ocupando a programação e a direção da emissora. Oficialmente estou ligado a rádio Tupã desde 1979, mas praticamente cresci dentro de uma emissora de rádio.

VJ - Rádio. O que representa pra você?
MIGUEL - É um fantástico meio de comunicação de massa que, ao mesmo tempo criou uma identidade nacional com as emissoras nacionais e uma forte ligação local com as emissoras de cada cidade.
O Brasil tem uma forte ligação com o meio rádio, pois como diz nossa vinheta, “Brasileiro não vive sem rádio”. E Tupanciretã não é diferente.
Apesar de ser considerado o avô dos meios eletrônicos de comunicação, o rádio se renova a cada momento e se mantem atual.
Para mim o rádio representa um fantástico meio de comunicação onde passam informações, desenvolvimento, entretenimento, cultura, democracia, liberdade, enfim, tudo o que uma sociedade moderna deve oferecer aos seus integrantes. Uma boa emissora de rádio deve  ser o elo de ligação entre os que compartilham da sua programação.
Por ser um meio que oferece gratuitamente sua programação, é extremamente democrático sendo acessível a todos.
Hoje, além das ondas hertzianas do rádio tradicional, as rádios oferecem outras plataformas. As rádios Tupã e Clube Um estão disponíveis no rádio tradicional, no site, facebook, twitter, e aplicativos para smartphones e tablets. Não somos mais somente sons ao vivo. Conteúdos como áudio, textos e imagens ficam disponíveis para serem vistos e ouvidos a qualquer instante nos nossos sites.
Portanto, o rádio representa para mim uma ótima ferramenta para agregar e desenvolver uma sociedade.

VJ - Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira profissional? Por quê?
MIGUEL - São vários e diferentes momentos que marcam minha trajetória no rádio. O momento em que assumi o comando do programa “Variedades” e o então “1753 Atendendo ao Ouvinte” foi o início da minha profissão de locutor. Sem ter muita experiência de microfone, foi um desafio grande substituir o meu pai no comando do programa de maior audiência da emissora.
Tivemos também muitas transmissões externas desafiadoras que realizamos com muito sucesso como as coberturas das edições do festival musical “Semeadura da Canção Nativa” em que permanecíamos no ar, ao vivo do ginásio, por mais de oito horas pois começávamos as transmissões do local por volta das 18h e íamos até por volta das 2 horas da madrugada seguinte.
Entrarmos no mundo digital também foi um desafio grande que comecei no final dos anos 80 quando adquirimos o primeiro computador para a parte administrativa.
Poucos meses depois, ainda pagando parcelas deste primeiro PC, fui a um congresso onde ouvi que no futuro teríamos computador da recepção até o transmissor. Foi assustador saber que, mal podendo pagar um equipamento, teríamos que nos preparar para adquirir muitos outros. Foi o caminho que seguimos. E fomos uma das primeiras emissoras do interior a informatizar os estúdios.

VJ -  Da convivência profissional com o seu pai, o que você leva pra vida? E do constante e importante trabalho da sua mãe, Amélia Puretz, que, com muita dedicação, está frente a essa grande empresa?
MIGUEL - O meu pai foi um mestre da comunicação que atuava em todos os setores de uma emissora de rádio com perfeição. Ele deixou muitas lições, mas profissionalmente, a maior delas é, quando você for fazer algo, que o faça da melhor maneira possível. Desde a gestão empresarial à qualidade técnica. Todos os aspectos da emissora eram feitos por ele com o máximo de cuidado, não importando o quão relevante seria aquela tarefa.
Apesar dos muitos anos de experiência, quando ele ia fazer um programa, sempre se preparava antes revendo o conteúdo que iria levar ao ar. Ao elaborar um texto de um noticiário, um comercial para um cliente sempre buscava uma forma de elaborar um texto claro, preciso e, se possível, com ineditismo.
Já sobre a pessoa do meu pai, posso dizer que era um homem que atendia a todos com cordialidade, atenção e simpatia. Dono de uma vasta cultura usava seus conhecimentos para entender os demais e facilitar o seu relacionamento com estes. Uma das coisas que mais lhe indignava era a arrogância ou a brutalidade no trato com os demais.
A Dona Amélia, como a chamamos na rádio, sempre foi e continua sendo a certeza de que tudo transcorre de forma correta e ética no setor financeiro e de pessoal das rádios Tupã e Clube Um, além de uma observadora muito atenta do conteúdo da programação das emissoras. É uma segurança ter ela junto na gestão das rádios. É para todos nós uma grande mãezona.

VJ - Na sua ótica, hoje, quais são os maiores desafios enfrentados pela Imprensa falada e escrita?
MIGUEL - A imprensa, como um órgão de comunicação que exerce o jornalismo veiculando informações e formando opiniões, tem um eterno desafio de levar a informação de forma livre, e para isto, precisa ter independência financeira e administrativa. A informação veiculada pela imprensa deve ser responsável e equilibrada para obter o reconhecimento de quem recebe a informação e possibilitar a este que ele forme a sua opinião.
Muitos órgãos de imprensa estão tendo dificuldade de manter-se financeiramente, pois a internet possibilitou que as pessoas tenham acesso a muitas fontes de informação fornecendo conteúdo “gratuitamente”. Muitas vezes estes fornecedores “gratuitos” são mantidos por pessoas, entidades ou órgãos que tem interesse em divulgar informações que lhe agradam e formar opinião favorável a fatos que lhe interessam. Hoje, cada vez mais, é preciso estar atento a fonte de onde vem a informação para que você receba ela de forma correta e saiba filtrar a boa e a má informação.

VJ -  Relate alguns momentos marcantes da sua viagem ao Rio de Janeiro, onde você teve a oportunidade de se encontrar com Clóvis Monteiro-Locutor da Rádio Tupi do Rio de Janeiro que, inclusive, rememoraram momentos de saudades, focando parte de um aprendizado na Rádio Tupã.
MIGUEL - Esta oportunidade de ir ao Rio de Janeiro surgiu pelo fato de minha esposa, Bioquímica Fátima Peres Puretz, participar, pelo Laboratório Hemolab, de um Congresso Nacional de Análises Clinicas. Para aproveitar a estada por lá, solicitei a um amigo, Dr. Ary Cauduro dos Santos, presidente do Sindirádio e da Fenaert, que visse a possibilidade de uma visita técnica a rádio Tupi. Foi agendado para eu ser recebido pelo Sr. Ricardo Henrique, diretor da Tupi às 11 horas de segunda-feira, dia 22/06. Como o trânsito no Rio de Janeiro é caótico e eu estava longe da sede da rádio, resolvi ir cedo para não me atrasar. Excepcionalmente naquela manhã o trânsito estava muito tranquilo e cheguei cedo a sede da emissora.
Como o diretor estava ainda ocupado, um funcionário da emissora me levou para conhecer as instalações.
Durante a visita encontrei o Sr. Clovis Monteiro, que eu sabia ser do Sul e disse a ele que levava um abraço de um colaborador nosso, Sr. Carlos Szilaqui, técnico das rádios Tupã e Clube Um, uma vez que este tinha sido colega dele em Passo Fundo. Quando me apresentei e disse que era de Tupanciretã, ele disse que eu traria um abraço dele a um tupanciretanense que lhe havia marcado muito em sua vida. Mostrando para mim o seu livro, falou do seu primeiro guru no rádio, o Pedro Brum Santos que havia lhe passado alguns ensinamentos básicos de um bom comunicador. Fiquei muito emocionado ao ler no livro os ensinamentos que meu pai havia passado ao Pedro Brum Santos quando este foi nosso colega na rádio Tupã.
Ainda emocionado com estas informações e impressionado com as instalações das rádios Tupi (AM e FM) e Nativa (FM), fui cumprimentar o diretor para lhe agradecer pela atenção, pensando em apenas trocar comprimentos e ir embora, visto que já havia visitado as instalações da emissora. Mas a conversa entre pessoas que gostam do que fazem, faz com que não se perceba o tempo e acabamos conversando por mais de hora.
Nestas alturas entrou na conversa o Sr. Marcus Di Giacomo, diretor artístico da rádio Tupi, este também um gaúcho de Santa Maria. Acabamos indo almoçar juntos, voltamos para emissora e conversamos até por volta das 17h.
Ao me despedir, fui novamente surpreendido com o convite para acompanhar na manhã seguinte o programa do Clovis Monteiro, que há anos é líder de audiência no Rio de Janeiro.
No outro dia, lá estava eu novamente nos estúdios da Tupi, desta vez na bancada da locução e produção do programa que vai ao ar de segunda a sábado das 06h às 09h com um ritmo impressionante. É realmente um Show da Manhã. Não é à toa que a rádio Tupi lidera a audiência do rádio carioca concorrendo com mais de 40 emissoras, algumas delas com grupos de comunicação muito fortes como o Sistema Globo de Comunicação com a Rede Globo, Rádio Globo, CBN, Jornal O Globo. É preciso lembrar que a Tupi é somente rádio, e nada mais. Além da competência profissional, mais uma vez ficou comprovado o ensinamento de meu pai de que quando você for fazer algo, faça da melhor maneira possível, independente da importância que isso no momento aparentar. A paixão com que os profissionais da Tupi fazem o rádio, aliado ao melhor da tecnologia, explica o sucesso desta emissora que congrega a experiência de profissionais como Apolo, Garotinho, Gerson e muitos garotos e garotas que dão uma nova cara à programação.

VJ -   Como se fazer imprensa com ética, responsabilidade, segurança e imparcialidade num dos momentos mais conflitantes da realidade brasileira, sem se corromper?
MIGUEL - Na realidade que vivemos, é preciso que a empresa que for mantenedora de um órgão de imprensa tenha independência financeira e faça um trabalho correto. tendo o que você citou na pergunta: ética, responsabilidade e imparcialidade.
A imprensa é um dos pilares da democracia, mas ela tem que se ater ao seu papel de bem informar para que a sociedade faça o seu julgamento e forme sua opinião.
Para que tenha segurança no que faz, a imprensa deve ter o cuidado de checar todos os aspectos que dão origem a informação e veicular esta de forma clara a quem o conteúdo chegar.
A imprensa brasileira está fazendo um importante papel ao dar conhecimento à sociedade do Brasil de muitas ações criminosas que ocorrem em nosso meio, sejam elas de marginais, empresários ou políticos que agem criminosamente.
É um caminho sem volta, pois a sociedade não vai mais aceitar que crimes aconteçam em qualquer nível da sociedade, e não sejam devidamente punidos.

VJ - Como imprensa, qual o seu maior sonho?
MIGUEL - Que tenhamos uma sociedade equilibrada e justa a ponto de causar surpresa a veiculação de um ato criminoso envolvendo pessoas públicas ou proeminentes da sociedade.


Dados e imagens:

Clóvis Monteiro - "A melhor voz do Rio de Janeiro"

" Um Show de programa"

Pedro Brum Santos - Ex- radialista da Rádio Tupã, hoje escritor, poeta e professor da UFSM

Visita à Rádio Tupy




Recordando o bons tempo na Coxilha Bonita escutando a Rádio Tupy junto ao Paí Afonso, dos manos Selvagem e Paulinho e da Mãe Onira:



As noites de verão na Coxilha Bonita ao lado do único rádio " Teleunião" com 6 pilhas grandes e uma antena externa alta com 10 metros de comprimento. Ouvíamos a noite a "Turma da Maré mansa" 












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