18/08/2015

MARCIAL GONÇALVES TERRA - RELATO CÂMARA DEPUTADOS EM 1981


Discurso do Deputado Federal ALEXANDRE MACHADO/PDS em 11/05/1981 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, registro, hoje, nos Anais da Câmara dos Deputados, o infausto desaparecimento de Marcial Terra, que considero o último dos nossos bandeirantes. Violador de sertões, certamente sua memória fará a inspiração dos jovens de hoje e uma esperança no porvir. Marcial Terra excedeu no seu tempo em tenacidade, em sonhos, e em realizações, aos homens de sua época, marcando uma imperativa passagem na história do Rio Grande do Sul. Tinha 91 anos e se encontrava na Fazenda Boa Vista, em Rio Pardo, uma de suas doze propriedades rurais, quando foi assaltado pela morte, dia 23 de abril. Ex-Vereador, ex-Deputado Estadual, ex-Deputado Federal, ex-presidente da Casa Rural do Rio Grande do Sul, ex-Presidente da Sociedade dos Criadores do Rio Grande do Sul e ex-Presidente da Cooperativa Rural de Tupanciretã, prestou relevantes serviços à política e à economia do Estado. Foi fundador do Instituto de Carnes. Marcial Terra era católico praticante e, como integrante ativo da Igreja, realizou muitas obras beneméritas e assistenciais, paralelamente a incentivos em dinheiro para ajudar na formação de médicos, advogados e outros técnicos de nível superior. Na atividade pastoril, sempre foi um pioneiro, mantendo escritórios de representação de seus negócios em diversos Estados brasileiros, Montevidéu e Buenos Aires. Participou, ao lado de Getúlio Vargas, da Revolução de 1930, comandando uma força de cinco mil homens, por ele recrutada e organizada. Tinha a denominação de 6ª Brigada de Cavalaria. Marcial era seu comandante com o posto de Coronel. Em 1932, bateu-se pela constitucionalização do Brasil, já com a experiência de alguns anos de Parlamento, pois era Deputado desde 1924. Presidiu a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul em 1947, como integrante da bancada do extinto Partido Social Democrático, agremiação política da qual foi Presidente Regional em três oportunidades. , Em 1977, foi escolhido "Personalidade do Ano na Pecuária", pois, próximo dos 90 anos, continuava a servi-Ia com o mesmo devotamento e fervor da juventude. Com apenas 17 anos, Marcial Gonçalves Terra já realizava o sonho de sua vida: comprar uma fazenda onde pudesse criar seus filhos. Sua primeira propriedade tinha 112 quadras de sesmarias, o equivalente a 9.744 hectares, em Cruz Alta. Seu primeiro contato com a vida do campo foi trabalhando como peão, levando tropas de mulas do Rio Grande do Sul para São Paulo. Bastante ligado à pecuária, Marcial Terra foi, ainda, Presidente da Federação Rural do Rio Grande do Sul, Presidente do Sindicato dos Charqueadores e Presidente do Instituto Sul-Riograndense de Carnes. Em maio de 1977, em entrevista à Folha da Tarde, lembrou Marcial Terra como surgiu o Instituto de Carnes: "Propus ao General 'Flores da Cunha, Interventor do Estado, em 1935, a criação de um órgão que desse condições à classe rural de pleitear auxílios oficiais do Governo. Flores da Cunha achou por bem tornar a entidade estadual. Mais tarde, eu e um grupo de pecuaristas fundamos a Federação da Agricultura, filiada à Confederação, que era uma entidade da própria classe, enquanto o Instituto era oficial." Ao completar 85 anos, recebeu uma homenagem da FARSUL por ser "um dos grandes ruralistas do Rio Grande do Sul e parte da História gaúcha". Em seu discurso, o homenageado lembrou que já havia criado 103 mil cabeças de bovinos em 45 fazendas do Estado, algumas suas e outras arrendadas, e que já teve 35 postos de venda de carne em todo o País.          Tupanciretã parou para homenagear Marcial Terra, considerado o pai do Município, que morreu na madrugada do dia 23 de abril. Os funerais tiveram início às 16 horas, quando foi rezada missa de corpo presente'. O Prefeito da cidade, emancipada em 1929 com a colaboração de Marcial, decretou luto oficial por três dias. Marcial Gonçalves Terra morreu por problemas de idade, pois faria 92 anos no dia 30 de julho. Poucos dias antes, havia feito um chek-up no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Seu corpo chegou a Tupanciretã às 4 horas, para ser velado na casa de um de seus 11 filhos, Brasília Terra. Durante todo o dia, compareceram ao velório muitos amigos e políticos, como os Deputados Estaduais Cícero Viana e Jarbas Lima, e este Deputado Federal, além do Secretário da Agricultura Balthazar de Bem e Canto.
 Participaram do velório e enterro também diversas personalidades políticas dos Municípios da região. , Durante o enterro, este Deputado fez um breve discurso, lembrando partes da vida, do trabalho e da personalidade de Marcial Terra. Após a missa, o corpo foi levado para o Cemitério Municipal de Tupanciretã, acompanhado por cerca de três mil pessoas. Marcial Gonçalves Terra nasceu em Santo Ângelo, no dia 30 de julho de 1889. Em 1923, Marcial Terra gastou cinco milhões de cruzeiros para fazer e financiar a campanha eleitoral de Getúlio Vargas ao Governo do Estado.    Em seu último pronunciamento político, feito à Folha da Manhã, em agosto de 1979, demonstrou toda sua admiração pelo velho amigo, a quem chamava "Doutor Getúlio". "Ele era uma pessoa muito honesta. Ao morrer, não tinha um centêsimo a mais do que o pai lhe deixou. Era um homem de respeitar o adversário e não se queixava de ninguém." Marcial Terra lembrou, naquele depoimento, os acontecimentos que levaram à Revolução de 1930. Derrotado na eleição, a maneira que restava a Getúlio para chegar ao poder seria através da revolução, com o que não concordava o chefe político Borges de Medeiros. Coube então a Marcial Terra convencê-lo de que, ela era necessária. Ele foi até a Fazenda de Borges de Medeiros e comunicou a decisão do grupo de levar a luta adiante somente se ele concordasse. Depois de pensar bastante, Borges de Medeiros disse a Marcial que "a tirada de Washington é uma onda escura que nos vai absorver". Marcial voltou a Porto Alegre com o consentimento e Getúlio resolveu marcar imediatamente a data da revolução, determinando que o chefe seria Luís Carlos Prestes, então exilado em Montevidéu. "Fui até lá e ele me disse que só aceitava se o Doutor Borges concordasse. Eu lhe informei que o Doutor Borges já havia concordado. E Osvaldo .Aranha pagou a Prestes para que ele organizasse os homens. Mais tarde, quando desistiu de chefiar a revolução, Prestes devolveu todo o dinheiro. Era um homem muito honesto." A revolução foi adiante - com a desistência de Prestes, sob a direção de Góes Monteiro. Vitoriosos, Getúlio assumiu a Presidência do País. "O Doutor Getúlio entrou no poder como ditador, mas não usou um só ato como ditador. Era de fato um homem completo." Numa das longas cavalgadas que fazia com Vargas pelas suas fazendas, Marcial perguntou-lhe por que havia apoiado o General Eurico Gaspar Dutra como candidato à Presidência. A resposta que ouviu de Getúlio foi de que o Marechal era "um homem muito firme. Andou muito bem durante o meu governo. Não vai transigir em coisa alguma, nem nos contrariar". Em outro desses encontros, Getúlio explicou a Marcial Terra porque apoiava o PTB: "Para evitar que Pasqualini se estenda". Getúlio temia que Alberto Pasqualini, que já tinha grande força política, formasse um partido socialista e arregimentasse os votos dos trabalhadores. O PTB, como linha política voltada para o trabalhador, era a maneira de frear o crescimento de Pasqualini. 

  Marcial Terra teve onze filhos, seis no primeiro casamento com a Senhora Brazilina de Abreu Terra: Brasília, Belmiro, Balbino, Onira, Dlila, já falecida, e Odila; e cinco no segundo casamento com a Senhora Octacília Corrêa Terra: Brazilina, Ceres, Marina, Aquilea e Marcial Domingos. Além dos onze filhos, teve trinta netos, dezesseis bisnetos e um tataraneto. 

Transcrevo, por fim, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a íntegra da matéria publicada no jornal de sua terra, Tupanciretã, quando do seu falecimento: 

"CORONEL MARCIAL GONÇALVES TERRA Simples tropeiro, um cavalo encilhado, os aperos campeiros e a indumentária gaúcha eram toda a sua fortuna. Outra mais poderosa, entretanto, fortalecia-se em seu pensamento, com tão grande efeito que seus companheiros começavam a admirar, o guasca de então trazia já consigo intangíveis e invioláveis valores: era a grande alma, a nobreza de sentimentos e o coração generoso, tudo isto amparado e defendido por inteligência de escola e grande vontade de trabalhar e vencer. Dos seis aos quinze anos, freqüentou a escola pública. Em 1903, no dia 16 de junho, perdia aquilo que foi seu símbolo de admiração, condutor de seus primeiros passos na forma mais retilínea com que se pode temperar a pessoa humana. Assumiu, com a falta de seu querido e saudoso genital', as responsabilidades pela mãe e quatro irmãos menores. Cônscio de todos os deveres que dali em diante deveriam pesar sobre seus ombros, inclinou-se pelo amanho da terra, e nela iniciou o cultivo dos produtos básicos da época. Enquanto aguardava a colheita, a fim de melhor aproveitamento de tempo, começou a formação de tropa de muares e equinos para negociar no mercado paulista. Assim, percorreu inúmeras fazendas em busca da compra desses produtos, algumas distantes e todas elas percorridas no lombo do cavalo, até que conseguiu ver seu objetivo realizado. A viagem para São Paulo representou uma odisseia, pois, para a sua pouca idade, tudo representava surpresa, não obstante os reais perigos, enfrentando toda a sorte de acontecimentos, frio, chuva,' noites ao relento, refeições feitas e saboreadas ao pé do fogo, economias de toda ordem, a fim de que a rentabilidade comercial não fosse atingida por um volume maior de despesas. Capitaniando uma equipe de homens, percorre Santa Catarina, Paraná e ingressa no seu destino final, Ourinhos, São Paulo.   Ali revelou sagacidade na transação: embora a queda vertical de preços do produto, conseguiu, ainda, razoável venda, contudo sem cobrir o preço que pagara em seu Estado natal e as despesas decorrentes da viagem. Volta desta jornada com saldo negativo. A preocupação de seus débitos para aqueles que lhe confiaram o crédito era constante. Chegando em suas plagas, procurou um a um, relatou os acontecimentos e firmou um compromisso de honra para o pagamento. Baseado  na expectativa de uma boa colheita agrícola para cobrir seus compromissos, mais uma vez a sorte não lhe favorece. Talvez o destino quisesse, com a sua minuciosidade, experimentar a força de seu espíríto e determinismo, e sua lavoura é dizimada totalmente por uma nuvem de gafanhotos.., Só restou,  então, uma alternativa: vender o legado recebido de seu pai. O que parecia iniciado, volta ao seu ponto zero e novamente começa a elaborar novo plano para o ganho do pão de cada dia e a reconquista da propriedade sacrificada. Com espírito e energia para lutar, inicialmente como simples peão, buscou auxílio no seu irmão Domingos e, em 4 de abril de 1905, seguiu tropeando até Charqueada Industrial de São Gabriel. Regressando e novamente recomendado pelo Sr. Domingos ao Sr. Fernando dos Reis, foi aceito, com bom grado, para trabalhar como peão em suas tropas. Trabalhou nesta tarefa por três anos. O primeiro ano de peão, o segundo já como capataz, e no terceiro passou a comprador de gado gordo para o mesmo senhor. Nos intervalos, fazia compra de gado para invernar, a diversos invernadores. No ano de 1908, fez contrato com o Sr. Juvenal Dias da Costa para desenvolver atividades comerciais específicas de comprador de gado para a sua charqueada e invernada. No ano de 1911, desenvolveu estas atividades na Região Serrana,. com a família Dicksons de Itaqui, e no mesmo ano, em 14 de dezembro, principiou a primeira tropa em Passo Fundo, nos campos do Sr. Ernesto de Quevedos. Depois, seguiu para'a Palmeira das Missões e Santo Ãngclo. Corria o ano de 1914,e neste tempo passou a desenvolver seus trabalhos em Rosário do Sul, no estabelecimento Saladeril que ali construíam. E, já no início, graças ao espírito gaúcho e o senso de participação que trazia em suas veias, tornou-se acionista daquele estabelecimento. Permaneceu ali por quatro anos consecutivos. Em 1917, foi vendido o Saladeiro à Cia. Swift. Também, nesta Companhia, permaneceu por quatro anos, e nos invernos e verões remetia-lhe gado, que quando estavam gordos eram apartados para charque e conservas. Passou, então, a integrar a sociedade da Charqueada Tupanciretã, juntamente como o Coronel Pedro Luiz da Rocha Osório, Carlos Gomes de Abreu e Laudelino Flores Barcelios. Uma plêiade de homens de igual valor que deram seu trabalho, sabedoria e experiência para o progresso da região. Em 1924, até o ano de 1932, manteve sociedade com o Coronel Pedro Luiz da Rocha Osório, tendo, com a morte deste grande amigo e figura humana de inigualáveis qualidades, sido dissolvida a firma Osório & Terra. Continuando sua jornada, associou-se com Laudelino Barcelos, por cinco anos, chegando em um ano a exportar 104.000 fardos de charque e, mantendo um estoque de 80.000 cabeças de gado, ocupou uma área de 46 léguas de campo, em oito Municípios do Estado' Rio-grandense: Tupanciretã, Cruz Alta, Júlio de Castilhos, Santo Ângelo, São Luiz, Itaqui, Cachoeira do Sul e São Borja. Residia, nos dias de hoje, em Rio Pardo, na Fazenda Bela Vista, dirigindo seus negócios como invernista, possuindo, ainda, doze fazendas no Estado de Goiás. 

    Homem desprendido e de grande coração, deixou marcadas, em cada pessoa com que teve relacionamentos comerciais, gratas lembranças e seus subordinados sempre o viram como um amigo e companheiro, Não se descuidou dos movimentos sociais e políticos do povo gaúcho e das comunas por onde passou. Foi Presidente por dois anos do Tiro de Guerra de Tupanciretã 

e presidiu, por vários anos, o Clube Comercial da mesma cidade. Por vinte anos, exerceu a Presidência da Casa Rural e da Sociedade de Criadores. Diversas vezes presidiu a Federação Rural do Rio Grande do Sul e o Sindicato dos Charqueadores, Foi Presidente e fundador da Cooperativa Rural de Tupanciretã e participou de quase todas as criações de sociedades neste Município, do qual integrou a Comissão de Emancipação. Tupanciretã é um Município que lhe devota, através do seu povo, a admiração com profundo reconhecimento por tudo aquilo que promoveu dentro da sociedade política, social e econômica de sua gente. Elevou o nome de Tupanciretã, com coragem e dignidade, quando presente a conclaves que se realizavam em caráter estadual e interestadual. Católico praticante, fez parte, de comissões em diversas igrejas e Hospitais e obras beneficentes ou assistenciais. Participou do Rotary Club e do Lions Club. Foi um dos fundadores da Federação Rural e do Instituto Sul-rio-grandense de Carnes, Também foi um dos fundadores da Frigosal, na Cidade do Rio de Janeiro e da Confederação Rural. Pertenceu ao Conselho Fiscal dos Municípios de Júlio de Castilhos de Tupanciretã. Sua visão e capacidade fizeram-no conhecido em todo o território nacional, chegando a ter, inclusive, trinta e cinco escritórios espalhados pelo nosso País e ainda em Montevidéu e Buenos Aires. Colocava seus produtos também na América Central. Seu espírito de solidariedade ao próximo se faz sentir quando se analisa sua participação, do ano de 1912 até 1952, contribuindo com uma soma elevada, por ano, para educação de um apreciável número de estudantes. Teve o prazer de ver hoje muitos diplomados: advogados, contabilistas e técnicos, todos com seu auxilio material e moral, e muitos outros não diplomados mas que obtiveram, através de sua mão, um horizonte mais largo e uma orientação segura para a vida, . No cumprimento da palavra empenhada, tomou parte na Resolução de 1930, cujo grito principal era levar o Dr. Getúlio Dornelles Vargas ao, poder máximo da Nação. Assim sendo, organizou uma força de cinco mil homens, que foi oficializada pelo Governo do Estado, com a denominação de 6ª Brigada de Cavalaria, aparelhados para seguir para o Front. Sob o comando do Dr. Getúlio Vargas e Cel, Góes Monteiro, passou um mês com as forças em prontidão, Assumiu, naquela época, o Comando da Brigada como Coronel, recebendo patente assinada pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul. O mesmo Governador concedeu certificado a toda a oficialidade do Estado Maior e respectivos Corpos. Essa tropa foi incluída na Brigada Militar do Estado sob o comando do Coronel Claudino Nunes Pereira, que, quando a dissolveu, teceu elogios aos preparos da mesma e também ao Chefe do Estado-Maior, o Coronel Riograndino Kruel. Essa Brigada dispunha de um Corpo de Saúde eficiente, chefiado pelo Dr. Clarindo Veríssimo, sendo todos os Comandantes homens de grande valor e insólita coragem.  Dispunha de uma Companhia de Sapadores e de um aparelhamento de ligações muito eficiente, 800 muares, com cargueiros e grande número de cavalos de montaria. O transporte da tropa constituiu-se de vinte e quatro trens, cada um de vinte e dois carros. Tudo foi feito com recursos de seu próprio bolso e, entre a eleição e a revolução, grande foi a cifra gasta, sem indenização de despesas feitas, tanto na campanha eleitoral como no preparo das tropas. Em 24 de outubro, recebeu um telegrama do então Ministro da Guerra, General Góes Monteiro, e do Chefe da Revolução, Dr, Getúlio Vargas, que acabava de cair o Governo Washington Luiz e que deveria estacionar a força. Permaneceu ainda um mês com as tropas acampadas e em prontidão. Depois de empossado na Presidência da República o Dr. Getúlio Vargas, recebeu ordens para dissolver a tropa. Com a presença do Comandante da Brigada Militar do Estado, Coronel Claudino Nunes Pereira, foi realizada a dissolução. Quando da Revolução pela Constituinte, em 1932, em que o Estado de São Paulo ergueu-se contra o Presidente Vargas, bateu-se como correligionário sempre pronto para todas as batalhas pela constitucionalização do País, sendo obrigado, naquela ocasião, a exilar-se em Montevidéu. No ano de 1925, foi eleito Vereador para ocupar uma cadeira na Casa Legislativa de Júlio de Castilhos, e no ano de 1928 disputa um mandato na Câmara de Vereadores de Tupanciretã. Sendo eleito, cumpre mais um período legislativo. Em 1934, é eleito Deputado Estadual. De 19 de julho de 1937 a 19 de novembro de 1938, foi investido no cargo de Presidente Diretor do Instituto Sul-Riograndense de Carnes, tendo sido o seu primeiro Presidente. A 20 de dezembro de 1937, na qualidade de Presidente do Instituto Sul-Rio-grandense de Carnes, após regressar dos Estados Unidos da América do Norte em missão oficial para o estudo da reforma da produção, apresentou um vasto relatório ao Conselho Consultivo, para esclarecida apreciação dos Senhores componentes do Conselho, mantendo profunda convicção de que a viagem empreendida no grande país americano, onde percorreu centros exponenciais do trabalho foi proveitosa, pois tomou contato com os elementos representativos da indústria, comércio e finanças, constituindo um fator de relevância para o integral objetivo das iniciativas de que foi incumbido pelo Instituto Sul-Rio-grandense de Carnes. De suas observações e experiências, colheram o Rio Grande do Sul e o Brasil vantagens provenientes de seus estudos. A este mister, salientava-se a inestimável cooperação dada pelo Governo Federal ao êxito de sua missão. Cônscio da importância de sua missão, declara que aquela viagem de estudos constituía.se num dos mais importantes serviços que poderia prestar ao Brasil. Visitou, no território americano, inicialmente, Miami. Nesta cidade, percorreu os mercados distribuidores das Companhias Armour, Swift e Wilson, os quais, com sua aparelhagem eficiente, recebem e distribuem quase a totalidade da alimentação destinada ao consumo duma população de elite, acrescida, no inverno, de grande número de  turistas atraídos para aquela região por suas excelentes condições climáticas. Dali seguiu para Washington, onde teve a honra de ser recebido pelo Senhor Embaixador Oswaldo Aranha, que, de imediato, gentilmente, prontificou-se a proporcionar todo o auxílio que fosse necessario para o melhor desempenho de suas funções. Rumou posteriormente para   York, onde visitou inúmeros estabelecimentos dotados da mais moderna tecnologia, para dali prosseguir viagem para Nova Iorque, Virgínia, Baltimore, Chicago, Iowa, Colorado, Moha, Kansas, Missouri, Massachussets, Albany, e outros Estados. Conclui tornar-se indispensável capital inicial de equipamento imprescindível, vagões isotérmicos

entrepostos nos portos, do Estado e litoral do Brasil, e.tudo mais que puder proporcionar a circulação dos valores objetos do estudo, com urna ampla valorização do homem, o meio higiênico, a escola rural e o desenvolvimento da zootecnia pela necessidade emergente de formar o técnico. Como Deputado Estadual, a 30 de outubro de 1947 assume a tribuna da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul e apresenta um trabalho para resolver a crise do abastecimento interno e um plano de engorda intensivo. Despertou a atenção de todos os Deputados presentes sua versatilidade a respeito da tese que defendia. No curso de sua explanação, inúmeras vezes foi aparteado. Dentre os aparteantes estavam o Deputado Manoel Athaíde, Oscar Fontoura, Flores Soares, Mem de Sá, Júlio Teixeira e Nunes de Campo. Ao fim de sua apresentação, foi veementemente aplaudido pelos seus pares, Em 1947, na qualidade de Deputado, apresenta vasto parecer sobre a proposta orçamentária da Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio para o exercício de 1948. No ano de 1946, pelo PSD, foi reeleito para mais um mandato para a Assembléia Legislativa Estadual. Oriundo das hastes do Partido Republicano, onde comungou totalmente com as idéias de Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, defendeu sempre a posição progressista do Estado do Rio Grande do Sul, tanto no campo político como econômico. Com a redemocratização do País, passou para as fileiras do Partido Social Democrático, realizando o mesmo serviço de escola que sempre ponteou sua vida pública, levando para a nova agremiação o mesmo denodo e a solidariedade de seus ideais, tão bem representados ao longo de sua vida. Foi Presidente Regional do Partido Republicano e Presidente do Diretório Regional pessedista por três vezes consecutivas. Indicado pelos convencionais, concorreu a Deputado Federal, sendo eleito e, após o cumprimento do seu mandato na Câmara Federal, voltou a reeleger-se, colhendo votos do grande povo gaúcho, que confiava nas suas qualidades e respondia-lhe pelos trabalhos apresentados. Sua vida foi enriquecida pelas viagens de estudo e observação que fez aos países da América Latina, Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai, buscando subsídios  realizando grande entrosamento cultural e de amizade. Isto aconteceu nos idos de 1933 a 1935. Nos anos de 1935 a 1937, percorreu todo o território nacional, visitando os Estados do Brasil, estudando nossa vida em todos os seus aspectos. Viajou muito pelos Estados do Nordeste e Extremo Norte, como Presidente do Sindicato dos Charqueadores do Rio Grande do Sul, tendo, em sua viagem de representante, feito várias referências quanto à importância, possibilidades de produção e de vida em diversos Estados brasileiros. No ano de 1937, seguiu para a América do Norte, percorrendo, em viagem oficial, trinta e dois Estados dos Estados Unidos da América do Norte. Em Chicago, teve a difícil missão de participar da Comissão Brasileira para a escolha de gado bovino para a tradicional exposição de 28 de novembro de 1938, exposição esta de caráter internacional, razão por que os jurados cada ano eram representantes de um País. Várias foram as honrarias e distinções que recebeu, tendo inclusive recebido o título de Comendador. Em 1977, seu nome foi manchete: era escolhido a Personalidade do Ano na Pecuária. Natural do Município de Santo Ângelo, nasceu em 30 de julho de 1889, filho de Israel Gonçalves Terra e de Dona Joaquina Paz de Freitas, ambos falecidos. Contraiu matrimônio com a Senhora Brazilina de Abreu Terra, deixando dessa união seis filhos: Brasília, Belmiro, Balbino, Onira, Olila, falecida, e Odila, Contraiu núpcias pela segunda vez com a Senhora Octacília Corrêa Terra, que lhe deu cinco filhos.









Outros links: 
1 - http://luisafonsocostatupan.blogspot.com.br/2012/11/tupancireta-do-charque-carne-resfriada.html

2 - http://luisafonsocostatupan.blogspot.com.br/2012/11/tupancireta-do-charque-carne-resfriada.html

Familia:
Coronel Marcial Terra e filhos - Fazenda Tarumã - 1960 — com Balbino Terra, Odila Terra, Coronel Marcial Terra, Olila Terra, Belmiro Terra e Brasilio Terra. (acervo Ricardo Terra Bonumá)

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