12/03/2023

Esporte Clube São José é o primeiro clube de futebol a viajar de avião no mundo

A
manhã de domingo de 5 de junho de 1927, o time de futebol do Esporte Clube São José, de Porto Alegre, embarcou no hidroavião Dornier Do J Wal “Atlantico”, da Varig, para uma viagem histórica e pioneira. Era a primeira vez, no mundo todo, que um time de futebol viajava de avião para disputar uma partida. O feito, reconhecido pela Fifa em 1992, está registrado nos arquivos da entidade.

   O voo, com duração de duas horas e meia, foi da Capital para Pelotas, onde o São José jogou um amistoso contra o Esporte Clube Pelotas. Como de costume, o embarque dos passageiros ocorreu na Ilha Grande dos Marinheiros, às margens do Guaíba. Antes da decolagem, houve preocupação por parte do comandante Rudolf Cramer von Clausbruch em relação às condições meteorológicas e também ao peso de decolagem da aeronave. A Varig havia solicitado, antes, que o clube informasse o peso exato dos passageiros. Porém, naquele dia frio, todos usavam casacos pesados, devido ao tempo, o que causou um excesso de peso. Além disso, a aeronave possuía capacidade para apenas nove passageiros. Por isso, o goleiro Alberto Moreira Haanzel, conhecido como “Bagre”, e Antônio Pedro Netto tiveram que viajar no compartimento de bagagens, algo impensável nos dias de hoje.

  Na cabine de passageiros, sentados em “confortáveis” poltronas feitas de vime, e com os ouvidos protegidos do barulho ensurdecedor dos motores por algodões que eram distribuídos antes de cada voo, viajaram os jogadores Álvaro Kessler, Dirceu Silva, Alfredo Cezaro (Pinho), César Cezaro, João Nicanor Leite (Nona), Clóvis Carneiro Cunha e Walter Raabe, além de Carlos Albino Müller Pires, chefe da delegação, e Moisés Antunes da Cunha, secretário do clube.

  Antes do embarque, o então presidente do São José, Waldemar Zapp, pediu para que fosse feita uma foto do grupo, junto à aeronave, para guardar como recordação caso ocorresse uma tragédia. Na foto, mais uma curiosidade. Antônio Pedro Netto aparece com um fardo entre as pernas. Eram 30 exemplares do principal jornal da Capital na época, que ele levava para vender no local do jogo. Naquele tempo os diários de Porto Alegre só chegavam à Pelotas dias depois. Mas, levando-os no avião, o esperto Antônio pôde vendê-los já no domingo, ganhando dinheiro suficiente para pagar o jantar após a partida. João Leal da Silva, tesoureiro do clube, viajou dois dias antes, de vapor (navio), para acertar os detalhes da partida e da estadia em Pelotas, acompanhado pelos jogadores Odorico Monteiro, Benedito e Walter Kennemann (Berlina). Os quatro voltaram para Porto Alegre no hidroavião da Varig, ocupando os lugares de outros quatro passageiros, que retornaram de vapor.

  O placar do jogo foi um empate em 2 a 2.  

  Mais um fato liga o Esporte Clube São José à Varig: O terreno na Avenida Assis Brasil, 1200, no bairro Passo D’Areia, em Porto Alegre, onde está localizado o estádio do clube, pertenceu a Rubem Berta, executivo da empresa aérea. Ele tinha a intenção de construir, ali, uma pista de pouso. No entanto, como já havia uma considerável expansão imobiliária na região, por segurança, seu projeto não vingou. Berta, então, colocou o terreno à venda. Em 1939, os dirigentes do “Zequinha”, como é conhecido o clube porto-alegrense, compraram a área por um preço abaixo do valor de mercado. No ano seguinte, em 24 de maio de 1940, foi inaugurado oficialmente o Estádio Passo D’Areia, assim chamado até hoje.
Fonte Almanaque Gaúcho/ZH


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